Neste plano de existência onde estamos por algum tempo habitando um corpo físico, existem determinadas leis que são irrevogáveis, imutáveis e implacáveis. Queira você reconhecê-las ou não, queira usar sua capacidade de inteligência para evitar seus efeitos ou não, elas vão agir independentemente de sua preferência, imaturidade e pirraça ou decisão. Uma delas é a lei de causa e efeito, que estabelece que cada ação produzida gerará um resultado proporcionalmente equivalente, em alguma escala de tempo, a quem a originou. Mesmo se você opta por não agir, se omitindo, se opta por não fazer algo que é necessário, ainda assim sua omissão terá um preço, e isto lhe será cobrado. Você acha implacável demais, muito duro, excessivamente cruel? Não acha que seja tudo isso? Saiba, o nome disto é justiça.
Não sei se você já notou, mas normalmente quando uma lei é por demais flexível, ou se quem por ela deve zelar é por demais condescendente, irresponsável ou corrompido por interesses outros, que não os da aplicação da própria lei, passa a não existir um ambiente justo. Ao contrário, passam a existir favorecimentos, decisões irresponsáveis, e injustiça para um ou mais dos lados. Isto lhe parece familiar?
Vamos chamar o plano superior aqui, simplesmente de ‘Universo’. Quando ele, o universo, estabeleceu essas regras que chamo de Leis universais, o fez com o objetivo de manter uma ordem justa entre seus integrantes, fazendo-os reconhecer que é preciso ter consciência plena do que faz e do papel que se tem em relação, tanto a si mesmo, quanto principalmente, aos outros. Mas, como tudo nesse mesmo ambiente tem uma equivalência contrária, o mal, uma força que se opõe ao plano universal de aprendizado e evolução consciencial da humanidade, passou a se utilizar de estratégias, condições e artifícios vários, para criar ilusões e filtros negativos que impeçam a humanidade de perceber as implicações de suas ações, e por esses meios ainda, levar cada um a se entender não como agentes potencialmente prejudiciais ao equilíbrio universal, mas como meras vítimas de tudo e de todos. Criou-se ai uma das maiores ilusões inconscientes da humanidade individualmente falando: “A mim tudo é devido, afinal, eu não pedi para estar aqui, logo em mim tudo deve ser perdoado”. E partindo de uma consciência imatura, egoísta e mesquinha, “evoluiu-se” para questões conscientes do tipo: “Os fins justificam os meios”; “Manda quem pode, obedece quem tem juízo”; “Minha vida, minhas leis”.
Ainda sobre o que chamo de equivalência contraria, mencionada no parágrafo anterior, cabe destacar a inteligência e o senso de justiça que fez com que o universo permitisse a existência dessa equivalência. Se pensarmos no poder que foi dado ao ser humano de optar livremente por suas escolhas e pelo caminho que deseja seguir, é absolutamente justo e compreensível que exista pelo menos duas direções como opções, e estas representem caminhos e forças opostas, o que para mim, responde claramente à dúvida de algumas pessoas quando questionam: “Mas por que “Deus” permite que o mal exista no mundo?”
Contam os textos ancestrais da história humana, que originalmente o ser humano foi criado puro e desconhecendo o mal. Mas perceba, o mal já existia mesmo antes da criação do homem, portanto, o ser humano tem sido colocado à prova desde sua criação (utilizando a teoria criacionista). Sabemos que este ser humano desde então tem sido usado pelo mal e tem pago um alto preço por isso, visto que, fraco como sempre se mostrou diante das ciladas, artimanhas e tentações do mal, tem sofrido intimamente por conta de suas escolhas inconsequentes, infantis e pouco inteligentes. Mesmo se deixando seduzir pelas ilusões do mundo e obtendo vantagens momentâneas com isso, não consegue compreender porque continua lhe faltando algo que não consegue identificar e não sabe como obter, pura e simplesmente por ignorância, soberba e teimosia.
A lei de causa e efeito estabelece que para cada ação haverá uma reação. Não interessa o que você pensa sobre isto: se você acha justo prejudicar alguém por que você também foi prejudicado; Se você decide causar dor a outro, por que carrega uma dor profunda em sua alma, seja qual for essa dor; Se você se considera injustiçado e torce pela ruina dos outros; Se você sente inveja e deseja a ruina do seu vizinho, por que ele tem algo que você não consegue ter também. Enfim, tem sido cada dia mais notório o crescimento de sentimentos e atitudes egoístas e mesquinhas nas relações humanas, e ai, deixo para você refletir de maneira honesta sobre isto, se quiser e puder.
Entenda caro leitor, tenha você consciência ou não do porque você se comporta como se comporta, ou porque você pensa como pensa, ache você a justificativa que for para suas ações, a lei de causa e efeito não irá te poupar de seus efeitos, porque assim, ela estará cumprindo com o seu papel, que é trazer em alguma medida a você consciência de suas ações ou de suas omissões, em resumo de suas responsabilidades. Sim, porque não fazer, não escolher, se omitir, se fazer de “bobo” ou desentendido para viver, também tem implicações e não deixa de ser igualmente uma escolha.
É importante destacar que para muitos, diria eu para a maioria das pessoas, ter consciência plena de si mesmo é algo muito distante da realidade. Ter conhecimento dos mecanismos de ação e reação em suas vidas, é uma falácia. Vamos combinar, ninguém é educado para isso. Muito ao contrário, somos educados por pessoas que sequer receberam essa consciência dos pais, como poderiam transmitir algo que sequer conhecem a seus filhos?
Vivemos numa sociedade doente, onde pessoas desconhecem completamente o que lhes causa dor à alma, e muito ao contrário de conhecer ou buscar equacionar essas questões para uma vida mais feliz, ou menos sem graça, são estimuladas a sequer olhar nessa direção, instintivamente fogem como ratos de si mesmos, fazendo de contas que não sentem o que sentem, ignorando completamente o desconforto gerado pelas inúmeras feridas da alma, buscando os famosos mecanismos de fuga, ou as estratégias de prazer momentâneo, que não fazem nada além de escravizar esse ser, tornando-o cada vez mais dependente daquilo que imagina ser o seu analgésico preferido. E assim, compram o que não precisam, acumulam coisas das quais nunca fazem uso, adquirem vícios potencialmente destrutivos, que além das doses utilizadas nunca serem o suficiente, ainda trazem prejuízos físicos, psicológicos e psíquicos profundos. Fazem escolhas erradas aceitando pessoas tóxicas, vivendo relacionamentos abusivos, se submetendo a toda ordem de maus tratos e violência. E não bastasse isto, ainda colocam neste mundo outras vidas, que igualmente irão passar por situações parecidas, já que, desde muito pequenas irão presenciar essas mesmas situações, e terão sérias chances de no futuro, reproduzirem os mesmos comportamentos, já que seus exemplos não terão sido exatamente virtuosos.
Compreenda, o objetivo desse texto não é criticar ninguém, não é ser um juiz de causas alheias, afinal, como diz um trecho da letra de uma canção popular dos anos 1980: “… cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é ….” (ou deveria saber, acrescento eu), portanto, muito ao contrário, o objetivo aqui é chamar sua atenção para essas questões, com o mais absoluto respeito pelas cicatrizes que cada um carrega. Reconhecendo, como pesquisador do ser humano que sou há muitos anos, que cada um tem uma história e uma missão, mas que por mais difícil que seja a caminhada de cada ser, todos nós sabemos, cada um tem sua carga para transportar. Uma carga que para uns é mais pesada e para outros mais leve, mas nenhum de nós está sozinho nessa difícil empreitada do viver, o universo sempre coloca anjos à nossa volta. Procure observar, sempre que está muito difícil, quando você acha que vai desistir por não aguentar mais, surge uma alma bondosa, uma pessoa do bem, que mesmo sem você entender muito bem porque, de alguma forma te ajuda a sair daquele estado, te ajudando a levantar ou mesmo “carregando seu peso” por algum tempo, até que você consiga novamente assumir o controle de sua árdua missão. Na história cristã temos um exemplo dessa metáfora: O próprio Cristo, conta-se, em determinado momento de sua via sacra, não conseguindo mais dar conta de transportar sua cruz às costas, desfaleceu e a deixou cair. Foi quando Simão, um cireneu que acompanhava seu martírio de perto, apanhou do chão o pesado madeiro, transportando sobre si por certa distância, até os soldados romanos ordenassem que Jesus a recebesse de volta, prosseguindo em sua pesada missão.
Por mais que este mundo nos iluda mostrando maravilhas e vantagens, por mais que busquemos incessantemente fugir das dores buscando os prazeres da vida, é preciso entender que estamos aqui em uma escola onde o aprendizado é eminentemente prático e regido por tentativas e erros. As Ilusões não criam em nós nada mais do que enganos que nos levam ao sofrimento e por mais que tenhamos a falsa impressão de que tudo acontece apenas com os outros, as dores são o mecanismo mais justo e democrático (sim democrático, lembre-se você escolhe), de nos trazer a sabedoria que precisamos para evoluir em consciência plena. Não deveria ser desta forma, infelizmente foi uma escolha infeliz do próprio ser humano num passado remoto: aprender pela dor, mas é a regra que continua valendo até hoje. E infelizmente mais uma vez, e ainda, esse mesmo ser humano atemporal, enganado pelas mesmas fontes, continua fazendo as mesmas escolhas erradas. Mas, esse é um outro assunto para um outro momento.