DA “NORMOSE” À COVARDIA DE NÃO PENSAR

E se tudo em que acreditamos não fosse verdade … E se as bases do que nos foi ensinado desde a infância tivesse sido criado de uma forma premeditada, e passada de geração em geração para forjar uma compreensão distorcida do mundo que nos cerca, e até mesmo, de nossa história como seres humanos?

Parece muito louco, não é mesmo? …. uma Teoria conspiratória irresponsável, muitos ilustres personagens vestidos do saber cientifico diriam. Já para outros, nada acadêmicos, que limitam seu saber ao que a Tv ou o que seu influenciador preferido “pensa”, suas opiniões sobre qualquer coisa acabam tendo o tamanho de sua capacidade de pensar por si mesmos, quase nenhuma para a massa, infelizmente.

E sabe o que acho mais estranho? …. Por mais arrebatador e incrível que possa parecer, para alguns seres humanos da modernidade: saber que quase tudo que se acreditou por uma vida inteira não passa da mais deslavada mentira, não faria a menor diferença, sabia?  Sim, para esses, desde que não afetasse o mecanismo de sua vida prática, não afetasse seu conforto, seus lucros e seus prazeres, saber que algo que ele ou ela sempre acreditou ser verdade não ser mais, não faria na prática, diferença alguma. A grande massa está sendo acostumada a aceitar qualquer coisa como um fato normal, e quanto mais digno de estranheza e até de repulsa, menor tem sido a capacidade de se indignar. O ser humano da modernidade tem sido ensinado a mudar de pensamento e atitude conforme sua conveniência, ou a moda, ou os agentes de desinformação do sistema, ditam. Dentro dessa “normose”, tudo é aceito desde que seja favorável para si, tudo é descartável, adaptável, tranquilo. Fala-se de amor, com ódio estampado nos olhos. Nesse cenário, para qualquer transgressão há uma justificativa, certo e errado são mera questão de ponto de vista, “todos (principalmente o próprio) estão certos. E pobre de ti se disser que o próprio está errado” … O que importa são os fins e não os meios. Então, lógica, moral, princípios, respeito, verdade, e outros termos hoje considerados ultrapassados, e que em alguns casos, virou alvo de perseguição e assassinato de reputação daqueles que os utilizam, já que para os adeptos da “normose” quem apoia princípios e valores, representa uma orde de seres antiquados apoiadores ideias ditas opressoras, castradoras do livre pensamento, conceitos arcaicos, e por aí vai …. Assim, princípios morais estão lentamente deixando de balizar as relações humanas, e essas mesmas relações tem se tornado tão líquidas quanto teorizou Zygmunt Bauman, quando trouxe à luz sua visão do que chamou de modernidade líquida. A pergunta que fica é: Quem ganha com isso?

Tanto tem sido um movimento induzido, que se observarmos as relações ou pelo menos as representações em postagens de rede social muito comuns a maioria das pessoas, muito pouco ou quase nada ali representa algo próximo de 100% da verdade do que vive e pensa aquela pessoa. Já nas relações reais, crises e dissoluções as mais diversas. Jovens cometendo suicídio só faz aumentar em números; casos de violência gratuita entre pessoas em público ocorrem cada vez mais, pelos motivos mais fúteis que se possa imaginar. Se temos tanta liberdade de agir e pensar como quiser, por que a opressão interna aumentou tanto, ao ponto de cada vez mais pessoas atentarem contra a própria vida, ou contra a vida de outros? 

O que se nota é uma terrível crise de identidade. Representar passou a ser mais importante que retratar, assumir ou viver a realidade; que por ser dolorosa algumas vezes ou até mesmo inadequada, ou não ser a mais socialmente adequada ou aceitável, precisa ser mascarada, repaginada, produzida, disfarçada por um ou mais filtros. É a velha e perniciosa mentira sendo disfarçada de ação inocente, despretensiosa e comum. É a relativização da autenticidade, é aquele disfarce que muitos afirmam não esconder mal algum, mas que sequer percebem passar a fazer cada vez mais parte de seus comportamentos na vida real e não apenas na rede social. Obviamente, me refiro a algo muito mais impactante que os disfarces e adereços usados nas falsas relações de rede social, mas esses, mesmo parecendo infinitamente mais inocentes, carregam em si o mesmo DNA maligno da mentira e da desfaçatez. Num passado não muito longínquo ainda existia um certo código de ética na lógica das relações humanas, que fazia pelo menos com que o rosto ardesse e a vergonha incomodasse ao se descobrir um deslize de alguém. Apesar de sabermos que a mentira sempre coexistiu com o ser humano desde sua queda no jardim do éden, ela ainda causava desconforto, e para algumas sociedades, tirando o grau de hipocrisia de cada uma, podia ser considerado algo inaceitável. Isto quando o ser humano ainda possuía a capacidade de se indignar com algo reprovável ou minimamente inaceitável.

Se historicamente precisamos reconhecer que a mentira é algo tão inerente ao ser humano em sua vida em sociedade quanto dormir e acordar, porque então ela deveria se manter como algo tão condenável? Alguns ainda questionam.

Porque ela causa prejuízos, ela desfavorece um dos lados na relação (seja ela qual for), ela traz lucros desonestos, ela cria uma atmosfera negativa em torno daquele que dela se vale como recurso, ela torna a vida de seu usuário uma representação dela própria, ela é uma das armas do mal para obter o que precisa e perverter o ser humano em sua manifestação imaterial, ela é contrária a natureza essencial humana, por isso, mesmo fingindo naturalidade, ela constrange até ao mais descarado personagem quando descoberta. Relativizar uma mentira, por si só não a solidifica como uma verdade. Por que dentro de leis universais muito claras e eternas, mentiras não se sustentam, não subsistem, não resistem ao tempo. 

Realidades manipuladas não são verdades, seja através de aplicativos, redes sociais com esse fim ou qualquer outro recurso. Acreditar que se é um rei, não faz de você um nobre. Colocar sei lá quantos filtros por sobre uma foto, não muda a realidade da pessoa retratada. Possibilita apenas a ilusão de se sentir uma mentira amplamente e convenientemente aceita, já que ‘todo mundo faz’, nada mais que isso. Mentir para si mesmo talvez seja a pior de todas as mentiras, ela anula a essência e dá plenos poderes a um Ego corrompido e doente. 

Ao longo de sua história, o ser humano sempre foi impulsionado à frente por pelas necessidades: fosse de sobrevivência, superação, recursos básicos, melhoria contínua ou qualquer outro fator que o retirasse do ponto A para o ponto B, de forma espontânea ou forçada, e que o fizesse buscar superar suas limitações e de algum modo crescer. Logo, imaginar que limitações são condenações, tira o mérito do aprendizado. Limitações são condições, e isto nos parece algo muito plausível, se imaginarmos as limitações como fatores impulsionadores de mudanças para qualquer pessoa que não se coloque como um acomodado, um covarde ou um dependente.  

Como em nosso espaço terapêutico, que é nosso universo de interações consideramos aspectos pouco convencionais para a maioria das pessoas, mas que ainda assim fazem parte de nossas vidas, como: manifestações energéticas, ressonância, leis naturais de correspondência e vibração, e a correspondente manifestação desses aspectos na vida prática do ser humano, não podemos deixar de considerar que o contínuo declínio moral nas relações humanas, estabelecido pela relativização da autenticidade, ou aceitação da dita “mentirinha branca”, inocente, e qualquer outro subterfúgio criado para justifica-la, traga de fato implicações reais para a vida das pessoas. Isto irá ocorrer de uma forma imperceptível em princípio, já que uma pessoa precisa estar aberta a essas percepções, para notar a existência de um prejuízo a partir de uma mudança energética, e a maioria delas ainda está muito distante disso. Fomos ensinados a crer que tudo tem uma causa física, material, e é neste ambiente, o físico, que em princípio qualquer pessoa busca respostas. Tratamos os efeitos, mas temos imensa dificuldade em identificar as causas imateriais de quase tudo que nos afeta. Daí também, a imensa dificuldade das pessoas em prevenir situações, e a abundante prática do correr atrás desesperadamente, quando descobre algo assustador e iminente já materializado em suas vidas, principalmente no ambiente que chamamos de saúde física. 

Nosso cérebro não faz distinção entre certo ou errado, ele apenas processa a informação recebida. Ele é um transformador de vibrações, comandos, instruções ou estímulos recebidos através dos sentidos, em respostas físicas e biológicas. O que de fato molda nossa percepção de certo ou errado são o conjunto de valores morais, códigos de ética, padrões de conduta que por convivência, educação recebida, exemplos observados, modelos que copiamos ainda na infância, passamos a reconhecer e identificar como um padrão adequado a nossa convivência em família e sociedade. Quando instruções repetitivas, mesmo que disfarçadas de hábitos inocentes são colocadas diante de nossos olhos, nosso cérebro passa a identificar como uma ordem recorrente, e desde que nossos filtros morais não entrem em ação, analisando e ponderando sobre aquela instrução por várias vezes recebida, sem que você perceba, sua natureza irá executar. Isto é o que chamamos de ação inconsciente. O marketing e a propaganda descobriram isto muito cedo e tem usado com brilhantismo por décadas, levando pessoas a adquirir hábitos que frequentemente irão leva-las à ruina: comprando o que não precisam, adquirindo vícios que vão trazer doenças, mudando hábitos e costumes, mudando inclusive normas e filosofias de vida, onde novas práticas passam a ser incorporadas visando um estado de espírito, uma realização ou uma sensação ilusória. Essas instruções são muito sedutoras na tela da tv ou dos equipamentos digitais, mas na vida prática das pessoas não mudam absolutamente nada para melhor conforme sugerido.  Toda mudança significativa na vida precisa começar por dentro, precisa ocorrer a partir de algo que passe a fazer sentido verdadeiramente para cada um internamente. Passa por enfrentar tudo aquilo que te incomoda profundamente, e não apenas fingir que não existe ou disfarçar fazendo de conta que só acontece na vida dos outros. E não se iluda, a vida irá te mostrar o momento em que uma mudança precisa ser incorporada, você irá ser impactado por algum acontecimento que o fará pensar se deve ou não continuar a fazer tudo como sempre fez ou passar a adotar uma outra forma de viver. São aquelas situações das quais não gostamos, as rupturas, as doenças graves, as perdas, as quedas. Nada acontece por acaso, tenha isto em mente, tudo tem um propósito debaixo do céu. Se optar por aprender e incorporar as mudanças necessárias, seu aprendizado e superação serão muito mais rápidos; contudo, se preferir agir como uma criança mimada que prefere se revoltar diante da vida, prepare-se para enfrentar cada vez maiores desafios, é assim que funciona, e a escolha é apenas sua e de mais ninguém.     

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